sábado, 22 de dezembro de 2012

O verdadeiro Natal‏


A Finlândia é o país que melhor explora a figura do velho presenteador transportado no trenó puxado por renas. Assinala inclusive a sua terra natal: Rovaniemi, onde o Santa Park é, todo ele, tematizado por Papai Noel, lá denominado Santa Claus.
Sabemos todos que Papai Noel nasce, de fato, na fantasia das crianças.(...)
Até o século 3, o nascimento de Jesus era celebrado a 6 de janeiro. No século seguinte mudou, em muitos países, para 25 de dezembro, dia do solstício de inverno no Hemisfério Norte, segundo o calendário juliano. Evocavam-se as festas de épocas remotas em homenagem à ressurreição das divindades solares. Os cristãos apropriaram-se da data e rebatizaram a festa, para comemorar o nascimento daquele que é "a luz do mundo". Para não ficar de fora da festa, os não cristãos paganizaram o evento por meio da figura de Papai Noel, mais adequado aos interesses comerciais que marcam a data.
Vivemos hoje num mundo desencantado, porém ansioso de reencantamento. Carecemos de alegorias, mitos, lendas, paradigmas e crenças. O Natal é das raras ocasiões do ano em que nos damos o direito de trocar a razão pela fantasia, o trabalho pela festa, a avareza pela generosidade, centrados na comensalidade e no fervor religioso.
Pouco importa o lugar em que nasceu Papai Noel. Importa é que o Menino Jesus faça de novo o presépio em nosso coração, impregnando-o de alegria e amor. Caso contrário, corremos o risco de reduzir o Natal à efusiva mercantilização patrocinada por Papai Noel. Isso é particularmente danoso para a (de)formação religiosa das crianças filhas de famílias cristãs, educadas sem referências bíblicas e práticas espirituais.
Lojas não saciam a nossa sede do absoluto. Há que empreender uma viagem ao mais íntimo de si mesmo, para encontrar um outro que nos habita. Essa é, com certeza, uma aventura bem mais fascinante do que ir até a Lapônia. Contudo, as duas viagens custam caro. Uma, uns tantos dólares. Outra, a coragem de virar-se pelo avesso e despir-se de todo peso que nos impede de voar nas asas do espírito.
(por Frei Betto - Escritor, autor do romance “Um homem chamado Jesus”, entre outros livros)

Fé no Natal


A semana que antecedeu o Natal foi de caixa de e-mails lotada: diversas mensagens chegaram, algumas bem alegres, outras com apelos um pouco melodramáticos, em especial as que recrutavam Jesus, o aniversariante esquecido. De fato, vivemos numa época megaconsumista e muitos não dão valor à data, mas a tragédia não é absoluta.
De minha parte, não festejo o... aniversário de Jesus, mas nem por isso minha casa se transforma num iglu habitado por abomináveis corações de gelo. Me emociono, confraternizo, abraço, beijo e brindo à paz, acreditando que essa abertura sincera para o afeto é uma espécie de religião também.
Recentemente, o escritor e filósofo suíço Alain de Botton esteve no Brasil lançando Religião para Ateus, livro em que ele defende a tese de que, mesmo sem acreditar em Deus, é possível ter fé. E mesmo sem ter fé, é possível encontrar na religião elementos úteis e consoladores que suavizam o dia-a-dia.

Botton condena a hostilidade que há entre crentes e ateus, e diz que em vez de atacar as religiões, é mais salutar aprender com elas, mesmo quando não compactuamos com seu aspecto sobrenatural.
Não é de hoje que admiro esse autor, e mais uma vez ele me empolga com sua visão. Fui criada numa família católica, mas já na adolescência minha espiritualidade se divorciou dos rituais de celebração, já que deixei de acreditar em fatos bíblicos que me pareciam implausíveis.

Nem por isso fiquei órfã dos valores éticos que as religiões pregam.
Solidariedade, gentileza, tolerância, princípios morais, nada é furtado daqueles que descartam a existência de Deus. Claro que, se não houver o hábito constante da reflexão, podemos nos tornar materialistas convictos e acabar exercendo a bondade só em datas especiais.

É nesse ponto que Alain de Botton defende o lado prático e benéfico das religiões: elas funcionam como lembretes sobre a importância de nos introspectarmos e de fazermos a coisa certa todos os dias. Quem prefere não buscar esses lembretes na igreja, pode buscar na arte, no contato com a natureza ou onde quer que sua alma se revitalize.
Do que concluo que é possível encontrar o sentido do Natal sem montar presépio, sem assistir à missa do Galo e sem servilismo religioso. Basta que sejamos uma pessoa do bem, consciente das nossas responsabilidades coletivas e que passemos adiante a importância de se ter uma conduta digna. Nós todos podemos ser os pequenos "deuses" de nossos filhos, de nossos amigos e também de desconhecidos.

Dentro desse conceito, posso afirmar que o Natal é frequente aqui em casa: hoje, amanhã, depois de amanhã. A diferença é que nos outros dias estamos de moletom em vez de vestido de festa, e a ceia vira uma torrada americana, mas o espírito mantém-se em constante estado de alerta contra o vazio e a superficialidade da vida.
(por Martha Medeiros)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Oi Jesus! É o Zé!


Uma pequena estória pra você refletir...

Ao meio dia, um pobre velho entrava no templo e, poucos minutos depois, saía. Um dia, o sacristão perguntou-lhe o que vinha fazer, pois havia objetos de valor no templo.

Venho orar, respondeu o velho.

Mas é estranho que você consiga orar tão depressa, disse o sacristão.

- “Bem - retrucou o velho -, eu não sei recitar aquelas orações compridas. Mas, diariamente, ao meio dia eu entro neste templo só falo: “Oi Jesus, é o Zé”. Em um minuto, já estou de saída. É só uma oraçãozinha, mas tenho certeza que ele me ouve.

Alguns dias depois o Zé sofreu um acidente e foi internado num hospital. Na enfermaria, passou a exercer uma grande influência sobre todos. Os doentes mais tristes se tornaram alegres, e muitas pessoas arrasadas passaram a ser ouvidas.

Disse-lhe um dia a irmã:

- “Os outros doentes falam que foi você quem mudou tudo aqui na enfermaria. Eles dizem que você está sempre tão alegre...”

- “É verdade, irmã, estou sempre alegre. É por causa daquela visita que recebo todo dia, me trazendo felicidade” – disse o homem.

A irmã ficou atônita. Já notara que a cadeira encostada na cama do Zé estava sempre vazia. Ele era um velho solitário.

- “Que visita? A que horas?”

Diariamente, ao meio-dia, respondeu o Zé, com um brilho nos olhos. Ele vem, fica ao pé da cama. Quando olho para ele, sorri e diz:

“Oi Zé, é o Jesus.”

Não importa o tamanho da oração e sim a comunhão que através dela temos com ‘Deus’.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Você é o que você pensa


Cada pessoa é o que ela pensa. O poeta americano, Hawthorne, conta a história de um menino de nome Ernest, que gostava de contemplar um imenso rosto de pedra na encosta de uma montanha. A face tinha uma expressão de grande força, bondade e honradez, que fazia vibrar o coração do garoto. Havia uma lenda que dizia que, no futuro, surgiria naquele lugar um homem que se pareceria muito com o rosto de pedra. Durante sua infância, e mesmo depois de adulto, Ernest sempre fitava aquela figura, aguardando o aparecimento do homem que seria semelhante à imagem. Certo dia, quando o povo da localidade estava conversando a respeito da lenda, alguém de repente exclamou: "Olhem! Vejam só! Ernest é o homem que se parece com o grande rosto de pedra!" Era verdade. Ele se tornara na imagem que ocupava seus pensamentos.
(...)

Alguns psicólogos já provaram, através de estudos cuidadosos, que os pensamentos de cada pessoa transparecem em seu semblante. Os casais mais idosos que vivem harmoniosamente, começam a se parecer um com o outro. Por causa da união, das experiências em comum, da identificação de pensamento, eles acabam se assemelhando.
Ralph Waldo Emerson, um dos principais filósofos americanos, disse:"O homem é aquilo em que ele pensa constantemente". E ele não foi o primeiro a declarar isto, pois Marco Aurélio, o maior imperador de Roma, disse: "Nossa vida é aquilo que nossos pensamentos a tornam." Norman Vincent Peale disse: "Mude seus pensamentos e mudará seu mundo".
A propósito, que imagem você está projetando de si mesmo?

A importância de uma visão do futuro


Nosso maior problema como prisioneiros de guerra", diz Viktor Frankl no seu livro "O Significado da Vida", "era não ter uma visão de futuro".
Ao contrário de presos comuns, não havia para o prisioneiro de guerra uma data certa para a liberdade. Isto gerava consequências trágicas.

Muitos prisioneiros de guerra achavam que seriam libertados antes do Natal de 1944, porque as Forças Inglesas e Americanas já haviam desembarcado na Normândia.

Mas o Natal passou e a guerra somente acabaria em Junho de 1945. Decepcionados e desiludidos, centenas de prisioneiros morreram logo depois do Natal, sem explicação, numa frequência duas vezes o estatisticamente normal. Simplesmente desistiram de viver por acharem que não tinham mais futuro. Erraram por alguns meses.

Nos últimos 30 anos, nossos filhos têm sido bombardeados pelos nossos intelectuais, imprensa e professores universitários que nosso país não tem futuro. Nos inúmeros textos escritos por intelectuais para as comemorações dos 500 anos do Descobrimento em vez de olharmos para um futuro a fazer, usaram a ocasião para mostrar que nem passado tínhamos.

Intelectuais nos lembraram que somos um país de corruptos por termos sido colonizados por desterrados e criminosos, mas nunca revelam que nossas Universidades Públicas contratam mais professores de Sociologia e Política do que professores de Auditoria e Fiscalização.

A USP tem um único professor de Auditoria e dezenas de professores de Filosofia e Sociologia, um que virou até Presidente do Brasil. Perdemos a nossa Visão de Futuro em 1964, quando imperava que a visão de futuro era a do administrador, do advogado, do engenheiro, do empresário, do empreendedor.  Para estes, o futuro é para ser feito, com suor, lágrimas e trabalho, não simplesmente previsto com "modelos estatísticos". O futuro é nosso para ser criado da forma que desejamos, não "esperado" num Deus que o dará pela bola de cristal.

Mas a Revolução de 1964 colocou no poder mais de 600 acadêmicos especializados em previsões, que controlam o país até hoje. O Japão e a Alemanha do pós guerra não pautaram sua reconstrução em previsões econométricas  porque sequer tinham mais uma economia para ser prevista. Decidiram construir seu novo futuro ao ponto que suplantaram seus vencedores, a Inglaterra e os Estados Unidos, tal o poder desta postura perante o futuro.

Precisamos resgatar a visão de futuro dos engenheiros, dos carpinteiros, empreendedores, advogados e administradores e rejeitar de vez a visão niilista dos previsores do futuro, que preveem o futuro da volatilidade, do câmbio, do juro para poder especular, e das previsões de curto prazo que levam a nada. Ficamos tão preocupados com as marolas que esquecemos de ver as ilhas do horizonte.

Administradores muitas vezes quebram a cara não conseguindo fazer o que pretendiam, nem sempre criam empresas de sucesso como gostariam. Mas a favor dos administradores, eles têm o mérito de ter pelo menos tentado. Tentado fazer, em vez de simplesmente tentado prever, sentados em cátedras acadêmicas com suas redomas de vidro.

Única forma de devolver aos nossos filhos um sentido para suas vidas é mostrar que existe uma outra visão de mundo, de ação construtiva e não de especulação que gerou a enorme crise de 2008. Afinal, o futuro é para ser feito não para ser previsto.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O melhor presente


"...quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (Jesus Cristo, Mateus 25:40)

Freqüentemente nos vemos em dificuldade para saber que presentes daremos a nossos amigos e queridos, nas ocasiões especiais. Para algumas pessoas (especialmente as que “têm tudo”) os presentes padronizados, comuns, são um tanto desprezíveis. (...)
Tenho uma sugestão. Pode não parecer caro, nem original, mas, creia-me, funciona sempre. Trata-se de um desses presentes que têm imenso valor, sem ostentar uma etiqueta de preço. Não pode ser perdido, nem esquecido. Não há problemas com tamanhos, tampouco. Adapta-se a todas as formas, idades e personalidades. Este presente ideal é... você mesmo. Na sua busca pela excelência, não se esqueça do valor do altruísmo.
É isso mesmo: dê um pouco de você mesmo para os outros. Dê uma hora de seu tempo a alguém que precisa de você.
Teddy Stallard era excelente concorrente ao título de “esquecido”. Não se interessava pela escola. Usava roupas velhas, amarfanhadas, nunca penteava os cabelos. (...)Quando a professora, Srta. Thompson, falava ao Teddy, ele sempre respondia com monossílabos. Era um camaradinha distante, destituído de graça, sem qualquer motivação, difícil de a gente gostar. Embora a professora dissesse que gostava a todos da classe por igual, bem lá dentro, ela não estava sendo muito verdadeira.
Sempre que ela corrigia as provas de Teddy, sentia certo prazer perverso, em rabiscar um X ao lado das respostas erradas, e ao lascar um zero no topo da folha, fazia-o com certo gosto. Ela tinha a obrigação de conhecer melhor o Teddy; os dados do menino estavam com ela. A professora sabia mais sobre ele, do que gostaria de admitir. O currículo do garoto era o seguinte:
1ª série - Teddy promete muito, quanto ao rendimento escolar e atitudes. Situação doméstica má.
2ª série - Teddy poderia melhorar. A mãe está muito doente. O menino recebe pouca ajuda em casa.
3ª série -Teddy é um bom aluno, mas sério demais. Aprende devagar. É lento. A mãe morreu neste ano.
4ª série - Teddy é lento mas tem bom comportamento. O pai é desinteressado de todo.
Chegou o dia dos professores. Meninos e meninas da classe da Srta. Thompson, lhe trouxeram presentes. Empilharam os pacotinhos na mesa da professora e rodearam-na, observando-a enquanto ia abrindo-os. Entre os presentes havia um, entregue por Teddy Stallard. Ela ficou surpresa ao ver que ele havia trazido um presente. Mas, trouxera mesmo. O presente dele estava enrolado em papel pardo e fita colante, no qual ele escrevera umas palavras simples: “Para senhorita Thompson - do Teddy.” Quando ela abriu o pacote de Teddy, caiu sobre a mesa um bracelete vistoso, feito de pedras semelhantes a cristais, metade das quais já havia desaparecido, e um frasco de perfume barato.
Os meninos e meninas começaram a sufocar risadas, exibindo sorrisos afetados, por causa dos presentes de Teddy. Contudo, Srta. Thompson pelo menos teve bom senso suficiente para silenciá-los ao pôr no pulso, imediatamente, o bracelete e um pouco de perfume. Colocando o pulso à altura das narinas das crianças, para que cheirassem, ela perguntou: “Não é delicioso esse perfume?” As crianças, seguindo a pista deixada pela mestra, imediatamente concordaram com “uuu!” e “ôôô!”
Terminada as aulas, após as crianças terem ido embora, Teddy demorou-se, e foi ficando. Muito lentamente, ele aproximou-se da professora para dizer-lhe:
– Senhorita Thompson... Senhorita Thompson!, a senhora tem o mesmo cheiro de minha mãe..., e o bracelete dela ficou bonito na senhora, também. Fiquei contente porque a senhora gostou dos meus presentes.
Depois que Teddy saiu, senhorita Thompson chorou.
No dia seguinte, quando as crianças voltaram à escola, foram recepcionadas por uma nova professora. Senhorita Thompson se tornara uma pessoa diferente. Já não era a mesma. Passou a ajudar todas as crianças, especialmente Teddy. Pelo fim daquele ano escolar, Teddy mostrava uma melhora dramática. Alcançara a maior parte dos alunos e chegou a ficar à frente de alguns deles.
Senhorita Thompson não recebeu notícias de Teddy, durante longo tempo. Então, um dia, entregaram-lhe uma carta:
“Querida Srta. Thompson:
Eu quis que a senhora fosse a primeira a saber.
Estou me formando em segundo lugar, em minha classe.
Com muito amor, Teddy Stallard.”
Quatro anos mais tarde, ela recebeu nova carta...
“Querida Srta. Thompson:
Disseram-me há pouco, que sou o primeiro aluno da classe. Estou me formando este ano. Quis que a senhora fosse a primeira a saber. A universidade não tem sido fácil, mas eu gosto.
Com muito amor, Teddy Stallard.”
Mais quatro anos depois...
“Querida Srta. Thompson:
A partir de hoje, sou Theodore Stallard, doutor em Medicina. Que Acha? Eu quis que a senhora fosse a primeira a saber. Vou casar-me no mês que vem, para ser exato, no dia 27. Quero que a senhora venha e se sente onde minha mãe se sentaria se ela fosse viva. A senhora é a única pessoa da família que tenho, agora. Meu pai morreu no ano passado.
Com muito amor, Teddy Stallard.”
A Srta. Thompson foi àquele casamento e sentou-se onde a mãe de Teddy teria sentado. Ela o mereceu. Havia feito pelo Teddy algo, de que ele jamais esqueceria.
Que é que você poderia dar como presente? Em vez de simplesmente dar uma coisa, dê algo que sobreviva a você mesmo. Seja generoso. Dê-se a si mesmo a algum Teddy Stallard, “um destes pequenos” a quem você pode ajudar a tornar-se um dos grandes.


A felicidade possível


ó quem está disposto a perder tem o direito de ganhar. Só o maduro é capaz da renúncia. E só quem renuncia aceita provar o gosto da verdade, seja ela qual for. O que está sempre por trás dos nossos dramas, desencontros e trambolhões existenciais é a representação simbólica ou alegórica do impulso do ser humano para o amadurecimento. A forma de amadurecer é viver. Viver é seguir impulsos até perceber, sentir, saber ou intuir a tendência de equilíbrio que está na raiz deles (impulsos).
A pessoa é impelida para a aventura ou peripécia, como forma de se machucar para aprender, de cair para saber levantar-se e aprender a andar. É um determinismo biológico: para amadurecer há que viver (sofrer) as machucadelas da aventura e da peripécia existencial.
A solução de toda situação de impasse só se dá quando uma das partes aceita perder ou aceita renunciar (e perder ou renunciar não é igual, mas é muito parecido; é da mesma natureza). Sem haver quem aceite perder ou renunciar, jamais haverá o encontro com a verdade de cada relação. E muitas vezes a verdade de cada relação pode estar na impossibilidade, por mais atração que exista. Como pode estar na possibilidade conflitiva, o que é sempre difícil de aceitar. Só a renúncia no tempo certo devolve as pessoas a elas mesmas e só assim elas amadurecem e se preparam para os verdadeiros encontros do amor, da vida e da morte. Só quem está disposto a perder consegue as vitórias legítimas.
Amadurecer acaba por se relacionar com a renúncia, não no sentido restrito da palavra (renúncia como abandono), porém no lato (renúncia da onipotência e das formas possessivas do viver). Viver é renunciar porque viver é optar e optar é renunciar. Renunciar à onipotência e às hipóteses de felicidade completa, plenitude etc é tudo o que se aprende na vida, mas até se descobrir que a vida se constrói aos poucos, sobre os erros, sobre as renúncias, trocando o sonho e as ilusões pela construção do possível e do necessário, o ser humano muito erra e se embaraça, esbarra, agride, é agredido.
Eis a felicidade possível: compreender que construir a vida é renunciar a pedaços da felicidade para não renunciar ao sonho da felicidade.

Encontro

O homem, quando jovem, é só, apesar de suas múltiplas experiências. Ele pretende, nessa época, conformar a realidade com suas mãos, servindo-se dela, pois acredita que, ganhando o mundo, conseguirá ganhar-se a si próprio. Acontece, entretanto, que nascemos para o encontro com o outro, e não o seu domínio. Encontrá-lo é perdê-lo, é contemplá-lo na sua libérrima existência, é respeitá-lo e amá-lo na sua total e gratuita inutilidade. O começo da sabedoria consiste em perceber que temos e teremos as mãos vazias, na medida em que tenhamos ganho ou pretendamos ganhar o mundo.

Neste momento, a solidão nos atravessa como um dardo. É meio-dia em nossa vida, e a face do outro nos contempla como um enigma. Feliz daquele que, ao meio-dia, se percebe em plena treva, pobre e nu. Este é o preço do encontro, do possível encontro com o outro. A construção de tal possibilidade passa a ser, desde então, o trabalho do homem que merece o seu nome.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Otimismo versus pessimismo


“Os pessimistas são meros espectadores: Os otimistas são os que transformam este mundo”. (François Guizo)


Você já notou como algumas pessoas parecem felizes, não importa o que esteja acontecendo em suas vidas? Existe uma certa leveza na personalidade delas. Seus rostos, suas palavras e mesmo a sua maneira de andar parecem exalar um campo de energia brilhante.

Outras pessoas parecem predispostas a pensamentos tristes e negativos, em todas as situações. Se, num belo dia de verão você disser: “O dia está lindo, adoro esse tipo de clima”. Elas imediatamente responderão que detestam calor. “Terrível, muito suor, não dá para trabalhar, difícil de se concentrar. Só serve para plantas tropicais”.

(...)

Irmãos podem crescer em uma mesma família, em um mesmo ambiente e, ainda assim, se tornarem pessoas completamente diferentes. (...). O dicionário define pessimismo como uma doutrina ou crença de que o mundo é o pior possível. Que, na vida há mais mal do que bem, além de dar ênfase ao lado escuro das coisas.

Seu oposto, o otimismo, é definido como uma doutrina ou crença de que o mundo é o melhor possível. Que o bem sempre triunfa sobre o mal e que a tendência é ver as coisas sob uma ótica esperançosa e alegre, esperando os melhores resultados possíveis.

Ambas as realidades são subjetivas, pois não dizem respeito aos fatos, e sim às nossas atitudes. São formas de acreditar em nós mesmos e no mundo, que, ou nos limitam ou nos libertam. É importante considerar que temos um poder de escolha sobre nossas atitudes, e que essa escolha pode ou não colorir nossa percepção da vida.

Poucos argumentariam que a escolha do otimismo tornaria nossa vida mais feliz. No entanto, o pessimismo tem um problema sério: a falta de direcionamento da vida rumo as metas alcançáveis, ou seja, o rumo subconsciente é em direção ao fracasso.

(...)

Todos os grandes empreendimentos são liderados por pessoas otimistas. Sem otimismo, Magellan jamais poderia ter navegado ao redor do globo. Sem otimismo, Charles Lindbergh  jamais teria atravessado o Atlântico num teco-teco, abrindo caminho para as viagens aéreas intercontinentais. E sem a crença de que as coisas podem melhorar, as reformas políticas ou sociais, em muitos países, jamais teriam acontecido.

(...)

Todos os dias fazemos opções sobre como reagiremos aos acontecimentos. Escolher o bem cria uma atitude mental positiva, introduzindo equilíbrio em nossas vidas.
A concentração no que funciona bem em nossas vidas traz uma abertura, através da qual qualquer coisa – mesmo os milagres –, podem acontecer.    

A pressa é inimiga da perfeição


‘O tempo não pára’, diz Cazuza em uma poesia musicada que se transformou em uma espécie de hino à urgência de viver. A mensagem era: vamos fazer tudo o que for possível, mesmo que isso sirva apenas para constatarmos que o futuro repete o passado, em uma dança conhecida e cada vez mais frenética.

Pense bem: não é o que fazemos todos? Eu, você, nossos amigos, vizinhos, colegas? Vivemos no mundo da velocidade, que é a face mais evidente da sociedade atual. Parece que o tempo sempre está escorrendo entre os dedos. Chegamos a pensar que o ideal seria que nos atencipássemos ao tempo, sendo mais velozes que ele, como fez o deus grego Zeus, que se tornou o mais poderoso após destronar seu pai, Chronos, o deus do tempo.

A velocidade é, então, o novo paradigma, o padrão de comportamento adotado por quem deseja ter sucesso, estar integrado, fazer parte do sistema, ser aceito na sociedade, concorrer no mercado. Errado, tudo isso?

Eu não teria coragem de afirmar que sim, pois os períodos da história têm suas marcas peculiares, mas... por favor, um pouco de calma, respire fundo: nada melhor do que um pouco de lucidez para não ser simplesmente sugado pelo sistema. Que tal entender bem o que se passa antes de entrar nesse jogo e simplesmente ser consumido, velozmente, sem mesmo se dar conta de que podemos agir no mundo de maneira diferente?


Ninguém precisa ser mero protagonista desse tempo louco, a não ser que queira por opção. Então vejamos: para começo de conversa, ser veloz não é a mesma coisa que ter pressa, fazer as coisas rapidamente não é o mesmo que terminar no menor tempo e sair na frente não garante chegar primeiro. Há certa dose de relatividade nessa história toda.. Afinal, quem faz as coisas correndo erra mais e gasta o tempo ganho corrigindo o que fez. 

Gênios por Natureza


Assisti uma entrevista do genial guitarrista Eric Clapton na qual ele conta que, enquanto dirigia na região de Detroit, ouviu no rádio, pela primeira vez, um guitarrista que tocava de forma assombrosa: Stevie Ray Vaughn, o maior guitarrista do blues rock que já ouvi. E Eric diz:
“Quando toco, vou pensando na sequência de acordes. Penso para concluir que daqui tenho que ir para ali, o que leva uma fração de segundo. Stevie Ray Vaughn não pensa! Ele muda de um acorde para o outro como se a guitarra fosse uma extensão de seu corpo, sem pensar no que vem em seguida. É algo natural, instintivo!”
Eric Clapton estudou para se tornar um gênio. Steve também estudou, mas nasceu com “algo mais” que habilidade, o que fez dele um gênio capaz de assombrar outro gênio!
Admiro os gênios, mas sei que a genialidade cobra um alto preço. Ela consome uma energia brutal, que faz com que a pessoa se torne um anormal em certos traços da personalidade. Um não toma banho. Outro tem manias com cores. Outro bate na mulher. Muitos cometem suicidio. Outros mergulham em vícios. Genialidade é desequilíbrio...
O gênio é um anormal, alguém que está fora da média e que não responde aos mesmos estímulos dos normais (ou medíocres). O mais importante é refletir sobre suas forças e habilidades para definir onde é que você deve investir. Em muitos pontos você ficará apenas bom, o que já é uma conquista, mas em outros poderá chegar até as raias da genialidade.
Simone de Beauvoir resumiu a questão: “Não nascemos gênios, nos tornamos gênios”.
Pois é. Mas dá tanto trabalho e incomodação, que a maioria prefere ficar na média. 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Guerra e paz


Por muitos séculos, a discussão em torno da essência humana dividiu os filósofos em dois lados. De um, estão aqueles que acreditam que o homem é naturalmente inclinado à violência e à competição ou, como no velho provérbio romano, a idéia de que o homem é o lobo do homem. Prova disso seria o fato indiscutível de que a guerra, por exemplo, está presente na história de todas as sociedades. Do outro lado, estão os filósofos que acreditam que o homem tem uma natureza pacífi ca. Para eles, a violência da guerra, por exemplo, seria muito mais um desvio provocado por circunstâncias temporárias como a escassez de alimentos ou disputas territoriais que um traço humano inato. Por isso mesmo, toda guerra seria desumana.
De acordo com os pesquisadores do comportamento dos primatas, a disputa entre essas duas vertentes faz pouco sentido. Ou seja: não somos totalmente agressivos nem totalmente altruístas. Somos uma espécie bipolar, afi rma De Waal, lembrando nossa capacidade de, em alguns segundos, passar da compaixão à ira, do relacionamento estável ao sexo promíscuo, da cooperação à disputa feroz pelo poder. Ou seja: seríamos tão inclinados ao ódio quanto ao amor. Daí que qualquer tentativa de classificar o homem por apenas um desses pólos pode nos levar a ter uma visão simplista e deturpada da sociedade humana. Até porque nossas sociedades nunca são totalmente pacíficas ou competitivas, nunca são de todo regidas pelo egoísmo ou pela ética. Vemos bondade e crueldade, nobreza e vulgaridade, às vezes até na mesma pessoa, lembra De Waal.
De acordo com o pesquisador, mesmo que tenhamos, sim, predisposições inatas, isso não significaria que os humanos seriam espécies de atores cegos encenando programas genéticos da natureza. Assim como outros primatas, temos flexibilidade para improvisar e nos adaptarmos à natureza de diversas formas, mas com uma responsabilidade extra. Como nossa espécie conquistou a dominância sobre todos os demais, é ainda mais importante que ela se olhe com honestidade no espelho para conhecer tanto seu arquiinimigo como seu aliado, pronto para ajudar a construir um mundo melhor, diz De Waal. Ou seja: em vez de querer enterrar o fato de que somos primatas, devemos ter humildade para reconhecer que a beleza e a tragédia da vida do homem deriva do fato de que ser humano é ser um animal e não necessariamente no velho sentido negativo da palavra.

Cultive seus sonhos...


Desejo que você
Não tenha medo da vida, tenha medo de não vivê-la.
Não há céu sem tempestades, nem caminhos sem acidentes.
Só é digno do pódio quem usa as derrotas para alcançá-lo.
Só é digno da sabedoria quem usa as lágrimas para irrigá-la.
Os frágeis usam a força; os fortes, a inteligência.
Seja um sonhador, mas una seus sonhos com disciplina,
Pois sonhos sem disciplina produzem pessoas frustradas.
Seja um debatedor de idéias. Lute pelo que você ama.
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Sem sonhos, a vida não tem brilho.
Sem metas, os sonhos não têm alicerces.
Sem prioridades, os sonhos não se tornam reais.
Sonhe, trace metas, estabeleça prioridades e corra riscos para executar seus sonhos. Melhor é errar por tentar do que errar por omitir!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Desabafar é preciso


A psicanálise baseia-se, até certo ponto, no poder de cura das palavras. desde os tempos de Freud, os analistas sabem que os pacientes poderiam ter alívio parra as suas ansiedades íntimas se pudessem falar, apenas falar.

Por que isso? Talvez porque falando adquirimos mais compreensão daquilo que nos aflige – conseguimos uma perspectiva melhor. Ninguém sabe responder inteiramente a essa pergunta. Mas todos nós sabemos que “desabafar” ou “abrir o coração a alguém” traz alívio quase imediato.

Por isso, na próxima vez que tiver algum problema emocional, procure alguém para conversar. Escolha uma pessoa em quem confie e fale... Desabafar com alguém os nossos problemas é um dos principais meios de começar a compreendê-los melhor e a tirá-los de sua mente.

Quando alguém fica ruminando sozinho as suas preocupações, só colhe tensão nervosa. Todos devemos compartilhar com alguém as nossas dificuldades. Devemos revelar as coisas que nos preocupam. Precisamos sentir que há alguém no mundo disposto a nos escutar, e que seja capaz de nos compreender.

“Foi o destino que quis...”


Quantas vezes você já não disse ou ouviu uma frase como essa? O destino, essa entidade etérea e indefinível, acaba pagando o pato por várias de nossas escolhas. Como tudo o que repetimos no automático, frases assim guardam armadilhas. A primeira e mais evidente: desde quando o destino tem vontade própria, a ponto de querer alguma coisa para nossa vida? Afinal, somos nós que determinamos os rumos que tomaremos ou será o tal de destino que escolherá o roteiro de nossas viagens? Ele é ponto de chegada ou de partida?
Os árabes usam a expressão Maktub para dizer a mesma coisa, algo como “estava escrito”. Aquilo que está destinado a nós já estaria prescrito desde antes de nossa chegada á Terra, e muitos enxergam nessa postura aceitação passiva e fatalista de que não nos cabe contestação diante dos desígnios da vida. Andamos todos pelo mundo segundo script previamente estipulado.
O uso do livre arbítrio é a chance de escapar da armadilha. Somos resultado de nossas escolhas, e por trás de cada pegada formamos nosso caminho. Quando damos com a cara na parede, ou aportamos à beira do abismo, é muito fácil culpar esse tal de destino...
Perguntas simples, mas que exigem posturas responsáveis e honestas, deveriam nos guiar a cada curva da estrada. Poderia ser diferente? O que me levou a escolher este e não outro caminho? Vim por birra, teimosia ou pelo sabor da aventura? Sou eu que aprendo com meus erros, ou a cada erro me convenço que não passo de uma cavalgadura?
O poeta Paulo Leminski dizia numa poesia gaiata: “Nunca cometo o mesmo erro duas vezes. Já cometo duas, três, quatro, cinco, seis, até esse erro aprender que só o erro tem vez".
Se é fato certo que a vida já está escrita, os erros nos farão, ao menos, entender boa parte de nossa desdita. Para errar é preciso escolher, e descobrir que não há erro, nem certeza, quando nascemos imperfeitos. Afinal, o que quer o destino? Talvez que a gente aposte sempre no futuro, como se a vida fosse um alegre cassino...
(por Alexandre Pelegi)

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Subir pelo lado que desce


Viver é subir uma escada rolante pelo lado que desce’.

Ouvindo essa frase imaginei qualquer pessoa nessa acrobacia que crianças fazem ou tentam fazer: escalar aqueles degraus que nos puxam inexoravelmente para baixo. Perigo, loucura, inocência, ou boa metáfora do que fazermos diariamente.

Poucas vezes me deram um símbolo tão adequado para a vida, sobretudo naqueles períodos difíceis em que até pensar em sair da cama dá vontade de desistir. Tudo o que a gente queria era cobrir a cabeça e dormir, sem pensar em nada, fingindo que não estmos nem aí...

Só que acomodar-se é abrir a porta para tudo isso que nos faz cúmplices do negativo. Descansaremos, sim, mas tornando-nos filhos do tédio...
E o desperdício de nossa vida, talentos e oportunidades é o único débito que no final não se poderá saldar: estaremos no arquivo morto.

Não que a gente não tenha vontade ou motivos para desistir: corrupção, violência, drogas, doenças, problemas no emprego, dramas na família... tudo isso nos sufoca. Sobretudo se pertencemos ao grupo cujo lema é: pensar, nem pensar... e a vida que se lixe.

A escada rolante nos chama para o fundo: não dou mais um passo, não luto, não me sacrifico mais. Pra que mudar, se a maior parte das pessoas nem pensa nisso e vive do mesmo jeito...

Mesmo que pareça quase uma condenação, a idéia de que viver é subir uma escada rolante pelo lado que desce é que nos permite sentir que afinal não somos assim tão insignificantes e tão incapazes...

Então, vamos à escada rolante: aqui e ali até conseguirmos saltar degraus de dois em dois, como quando éramos crianças e muito mais livres, mais ousados e mais interessantes.

E por que não? Na pior das hipóteses caímos, quebramos a cara e o coração, e podemos, ainda uma vez... recomeçar.

(por Lya Luft – Pensar é transgredir – Ed. Record)

Três dicas de gentileza


Selecionei, com muito carinho, três pílulas de gentileza do meu livro PÍLULAS DE GENTILEZA para você tentar praticar durante esta semana e verificar quais as consequências.

DÊ UM CRÉDITO
Caso se depare com uma situação em que alguém é grosseiro com você, do nada, sem motivos. Dê um crédito a ela e tente compreender. Pense: bem, hoje não deve ser o melhor dos dias para ela, então, vou deixar passar, vou relevar! E assim, certamente estará praticando a gentileza e evitando que uma simples faísca se transforme em um incêndio, preservando o ambiente.

ESCUTE MELHOR
Ouvir com o coração aberto e a intenção real de solucionar o problema que alguém lhe traga. Afinal, só quando compreendemos o que o outro está pensando e sentindo é que podemos tomar uma atitude mais certeira para ajuda-lo. Note que estou sugerindo que você escute ‘melhor’ e não escute ‘mais’. O que conta é a qualidade da escuta!  Escutar com atenção é muito bom, mas existe uma qualidade de escuta ainda melhor. É a empática. Aquela em que você consegue se colocar no lugar do outro enquanto ele vai falando sobre o que pensa, sente e quer. Esta sim, faz com que a pessoa se sinta acolhida e compreendida.

PESSOAS GENTIS TAMBÉM DIZEM “NÃO”
Pessoas gentis sabem reconhecer seus próprios limites e respeitar o outro tanto quanto a si mesmo. E isso significa que, muitas vezes, terá de negar um pedido do outro, para que esteja sendo coerente consigo mesmo, com seus compromissos e até com seus valores. Pessoas que não sabem dizer “não” certamente apresentam uma questão mal resolvida com sua autoestima. Usam o “sim” para, talvez inconscientemente, conseguir a aprovação ou o amor do outro. Saber dizer “não” quando necessário é sinal de maturidade e equilíbrio, e também faz parte da gentileza, porque faz parte do respeito a verdade e confiança na relação.

A bela arte de errar


“O único homem que nunca comete erros é aquele que nunca faz coisa alguma. Não tenha medo de errar, pois você aprenderá a não cometer duas vezes o mesmo erro.” (Roosevelt)
Acontece a todos nós, professores e alunos. Chefes e secretárias. Pais e filhos. Os diligentes e os preguiçosos. Nem mesmo os presidentes estão imunes.
O quê? Errar? Sim, fazer coisas erradas, geralmente com a melhor das intenções. E isso acontece com notável regularidade.
Sejamos objetivos: o sucesso é superestimado. E todos nós o desejamos a despeito da prova diária de que o pendor real do homem reside em direção bem oposta. Realmente, somos profissionais da incompetência. 
O que me leva a uma pergunta fundamental que tem estado ardendo dentro em mim por meses: Por que nos surpreendemos quando vemos a incompetência em outros e nos devastamos quando ela ocorre em nós mesmos? Mostre-me quem inventou o perfeccionismo e garanto que ele é um roedor de unhas com um rosto cheio de tiques... cuja esposa tem horror quando o vê entrar em casa. Além do mais, ele perde o direito de ser respeitado porque é culpado de não admitir que errou.
Pode acontecer com você. Pare e pense nos meios como certas pessoas conseguem evitar de confessar suas falhas. Os médicos podem sepultar seus erros. Os erros dos advogados calam-se na prisão – literalmente. Os erros dos dentistas são extraídos.
Os carpinteiros transformam os seus em serragem. Gosto do que li numa revista recentemente: “Caso você encontre quaisquer erros nesta revista, por favor, lembre-se que eles foram colocados ali de propósito. Tentamos oferecer algo para todos. Algumas pessoas estão sempre procurando erros e não desejamos desapontá-las!”
Recentemente, quando comentava com um amigo da intenção de escrever algo sobre ERRAR, ele me passou um surpreendente livro intitulado O Incompleto Livro de Fracassos, de autoria de Stephen Pile. Apropriadamente, o livro tinha duas páginas faltando quando foi impresso, de modo que a primeira coisa que se lia era um pedido de desculpas pela omissão – e uma papelada com errata que proporcionava as duas páginas.
Também alguns conhecidos fracassos que muitas pessoas realizadoras amargaram antes de alcançar o sucesso. Eis alguns exemplos que servem para nos lembrar que somos seres falíveis e ainda imperfeitos, graças a Deus!
Thomas Alva Edison deteve um recorde de quase dez mil fracassos” antes de chegar à lâmpada elétrica; Albert Einsten era um estudante medíocre antes de sua “Teoria da Relatividade”; Clarence Darrow tornou-se uma lenda nos tribunais americanos, perdendo uma causa após outra, mas forçou com isso uma reavaliação das concepções jurídicas sobre religião, relações trabalhistas e conflitos raciais; Leonardo da Vinci, o maior inventor de todos os tempos, teve projetos que nunca foram realizados e nem mesmo funcionariam, mas apontaram soluções e possibilidades em campos nos quais nenhum homem sequer sabia que havia problemas.
Todos nós já tivemos oportunidades de presenciar fracassos que resultaram em grandes sucessos. O fato é que as pessoas neles envolvidos compreenderam, toleraram e até mesmo cultivaram o insucesso. Conforme o momento, sentiam-se satisfeitas, confiantes e apavoradas, mas não se permitiram assimilar o fracasso como um estigma. Aliás, a maioria delas nem tinha a palavra FRACASSO em seu vocabulário. Usava sinônimos atenuantes ou ressignificações inteligentes para essas situações; por exemplo, Thomas Edison sempre respondia aos seus críticos, “não foi mais um fracasso; na verdade, descobri mais uma maneira de não inventar a lâmpada elétrica”.
Tomas Watson, o fundador da IBM, reagiu assim diante de um jovem dinâmico e assustado diretor que acabara de dar um prejuízo de quase dez milhões de dólares num projeto de risco: “O quê? Despedi-lo? Agora que acabei de investir dez milhões de dólares no seu treinamento?”
Todas essas pessoas com certeza se manifestavam assim: “Certo, aquilo não funcionou, mas... olhe só para isto!” Elas encaravam o insucesso não como sinal de derrota mas como prelúdio para o sucesso, um estágio ou um degrau a ser compreendido e depois usado de forma melhor. Assim, quando um de nós errar e não ocultando, que tal um pouco de apoio por parte daqueles que ainda não foram apanhados? Opa, correção! Que tal bastante apoio?

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Considere Isto


"A história tem demonstrado que os mais notáveis vencedores normalmente encontraram obstáculos dolorosos antes de triunfarem. Venceram porque se negaram a serem desencorajados por suas derrotas". (B. C. Forbes)
Considere isso:
Woody Allen, ator, escritor, produtor e diretor premiado pela academia, quando estava na universidade, teve seu trabalho cinematográfico rejeitado; também foi reprovado em língua inglesa.
Leon Uris, autor de "Exodus", foi reprovado no colégio três vezes.
Em 1959, a Universal Pictures dispensou Clint Eastwood e Burt Reynolds na mesma reunião com as seguintes declarações. Para Burt Reynolds: "Você não tem talento". Para Clint Eastwood: "Você tem uma fratura no seu dente e o seu pomo de Adão é proeminente, além disso, você fala muito devagar". Como você sabe, Burt Reynolds e Clint Eastwood se tornaram grandes estrelas do cinema americano.
Em 1944, Emmeline Snively, diretor da agência de modelos "Livro Azul", disse para candidata Norma Jean Baker (Marilyn Monroe), "Você estará melhor se cursar secretariado, ou então, arranje um marido."
Liv Ullman, que foi indicada duas vezes para o Oscar, como melhor atriz, foi reprovada em um teste na escola de teatro na Noruega. Os juízes disseram que ela não tinha talento.
Em 1962, quatro nervosos músicos fizeram uma apresentação para os executivos da Decca Recording Company. Os executivos não ficaram impressionados. Enquanto reprovavam este grupo de rock chamado "Os Beatles", um dos executivos disse, "Nós não gostamos das suas músicas. Grupos de guitarristas estão fora da moda."
Quando Alexander Graham Bell inventou o telefone em 1876, ele não fez uma lista das possibilidades e o potencial de utilização. Após fazer a demonstração para o presidente americano Rutherford Hayes, ele ouviu o seguinte: "É uma espantosa invenção, mas quem poderá querer fazer uso dela?"
Thomas Edson foi provavelmente o maior inventor da história das descobertas. Produziu em toda a sua vida mais de 1 300 inventos. Quando inventou a lâmpada, tentou mais de 2 000 experiências antes de fazê-la funcionar. Um jovem repórter perguntou a ele como se sentia fracassando tantas vezes. Ele disse: "Eu nunca fracassei. Eu inventei a lâmpada. Isso aconteceu no passo de número 2 000 do processo."
Em 1940, um outro jovem inventor chamado Chester Carlson apresentou sua idéia para 20 empresas, incluindo uma das maiores empresas americanas. Eles rejeitaram-na. Em 1947, após sete longos anos de rejeições, ele finalmente conseguiu que uma pequena companhia, chamada Haloid, se interessasse por sua idéia. Ela comprou os direitos para industrializar o processo eletrostático para reproduzir cópias. A Haloid, mais tarde, veio a ser a Xerox Corporation, e ambos, ela e Carlson, ficaram muito ricos.
(...)
Contudo, algo ficou por terminar nisso tudo. Quase todos os dias - com certeza todas as semanas - encontramos alguém que se instalou em seu próprio barco feito em casa, disposto a partir, com muita seriedade, numa viagem da vida cheia de ousadia, bastante amedrontadora.

Tal pessoa pode ser um amigo, seu cônjugue, um colega de trabalho, um vizinho, talvez um membro da família - seu próprio filho, ou irmão, irmã, pai - quem sabe? Um oceano de possibilidades convida com grande insistência mas, falando com franqueza: tudo parece muito ameaçador! Encoraje essa pessoa a prosseguir! Diga-lhe "sim". Grite entusiasticamente: "Você é alguém de valor... tenho muito orgulho de você!". Ouse dizer o que essa pessoa mais deseja ouvir: Vá em frente, prossiga!

"Para dobrar o índice de sucessos, triplique seu índice de fracassos."
(Wolf J. Rinke)

A rotina é uma ferrugem


Hábitos sempre são transformados em atitudes e uma vida com hábitos que resultam em atitudes rotineiras é uma ofensa ao nosso cérebro, é um ato de congelamento de nossa capacidade de fazer da vida algo vibrante.
A rotina é uma ferrugem que causa corrosão em relacionamentos amorosos, em funções profissionais e na vontade de viver . A coisa vai ficando tão automática que a vida parece perder o sentido e em muitos casos até a razão.
Evite escravo da rotina, não usando inadequadamente sua avançada configuração genética. Tente todos os dias fazer diferente as mesmas coisas necessárias, que eu sei, precisam ser feitas. Viva criativamente.
Chute o “pau-da-barraca” de vez em quando, mesmo que isto faça doer seu cérebro. Experimente uma comida que nunca comeu; durma do lado contrário da cama; vista uma cor que nunca vestiu; diga coisas que nunca sua “cara-metade” ouviu; mude de caminho; beba algo que nunca bebeu; durma mais cedo ou mais tarde...Jogue um pouco de lubrificante nesta rotina toda. Novos estilos comportamentais fazem bem. Sinta as novas experiências, elas são um isolador desta corrosão que hábitos normatizados causam nas pessoas e fazem delas cumpridoras de tarefas mecânicas e sem graça..
A rotina instala-se quando não conseguimos aperfeiçoar continuadamente nosso jeito de ser. A rotina promove o contentamento com algo que  mantém você na zona de conforto. Isso paralisa e tira de você outras possibilidades.
Promova novas escolhas, pelo menos uma vez por sai, por semana, por mês vivencial permita-se fazer algo diferente; permita-se descobrir algo novo.

Vá em busca de si mesmo!


“Entre o sono e o sonho, entre mim e o que em mim é o quem eu me suponho, corre um rio sem fim”. Fernando Pessoa, inspirado poeta, leitor sensível da alma humana, pode traduzir com sutileza o desafio de cada existência. Onde se dará nosso despertar de compreensão?

Vamos de crises em crises, aprendendo aos tropeços, sofrendo de ansiedade, estresse e cansaço. É preciso compreender que não é a crise que nos encontra, somos nós que a produzimos. Isso se dá porque não fluímos bem nos movimentos da mudança, nesse rio sem fim, que costumamos chamar de vida.

A mudança é o ritmo no qual o mundo caminha e só há um jeito de se dar bem com ela, aprendendo a mudar também. O maior paradoxo, a contradição mais coerente da mudança é que é preciso mudar para ser quem se é. É preciso deixar de ser quem não somos, de fazer o que não queremos e viver o que não gostamos. Se olharmos atentamente nossa realidade, vamos perceber que muitas coisas em nosso dia a dia se encaixam nessa definição que é contrária à nossa natureza.

É urgente nos armarmos de coragem e irmos a busca de nós mesmos. É prioritário definir o que vamos fazer com o tempo que nos foi dado. É fundamental acordarmos do sono ilusório da realidade para vivermos na prática o sonho que nos comove. A crise é apenas um sinal na estrada dizendo que é hora de rever o caminho. Vá em busca de si mesmo e não tenha medo dos desafios e das incertezas, pois as asas só aparecem quando o chão desaparece.

(texto de Dulce Magalhães)

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A refinada arte de ouvir

Quando a Western Union solicitou a Thomas Edison que “estipulasse seu preço” para a máquina perfuradora de fita que ele inventara, Edison pediu alguns dias para pensar no assunto. Sua esposa sugeriu 20 mil dólares, mas ele considerou essa quantia exorbitante.

No dia combinado ele compareceu à reunião ainda incerto sobre o preço de seu invento. Quando o presidente da mesa lhe perguntou quanto queria pelo invento, ele tentou dizer 20 mil dólares, mas as palavras não saíram de sua boca. O presidente finalmente quebrou o silêncio e perguntou: - Que tal 100 mil?

Geralmente, o silêncio permite que outras pessoas digam algo melhor do que nós diríamos.

(...)

Uma anedota contava que uma mulher queixou-se de que estava ficando gripada e seu marido levou-a ao médico. O medico imediatamente colocou um termômetro na boca da mulher e disse:
- Fique sentada ali por cinco minutos, sem se mexer. A mulher obedeceu.

O marido ficou surpreso e fascinado. Quando o médico retornou para a sala de exames, o marido apontou entusiasmado para o termômetro e disse:
- Doutor, quanto o senhor quer por ele?

Ouvir é uma arte refinada e que deve ser cultivada como parte de nossa personalidade. Aqueles que têm habilidade para ouvir são pessoas de grande valor.

Se você é um bom ouvinte, perceberá que atrai os outros. Os amigos confiam em você e as suas amizades se aprofundam. (...) As pessoas que não escutam são chatas, não parecem interessadas por ninguém, a não ser por elas mesmas.
Escutar é um elogio porque é dizer para a outra pessoa: “Eu me importo com o que está lhe acontecendo, a sua vida e sua experiência são importantes”.

Assim como Thomas Edison, você também pode tirar proveito do silêncio.

Para pensar...

Quando você acha que você e sua ex já não tem mais nada em comum, o Facebook avisa: 53 amigos.

Minha namorada diz "Você tem que me OUVIR mais!" Mas caramba... Eu faço isso o tempo todo! Ela não para de falar!

A briga entre pernilongos e humanos é de igual pra igual: eles chupam nosso sangue. Nós fabricamos raquetes para carbonizá-los.

Dica de moda: roupas com cores pastéis te engordam.

Pobre quando te liga, antes de perguntar se está tudo bem, pergunta se o seu telefone é da mesma operadora que o dele.

Jornal diz que festas do Ronaldinho Gaúcho tem 5 mulheres para cada homem. Essa é a diferença dos Ronaldos. Nas festas do Fenômeno, entre 5 mulheres uma ERA homem.

Mexa-se!


Booooom diaaaa!!!!!!!!!!!

Como é bom ver você de bem a bordo deste novo dia que você ganhou. Este é o presente mais especial que se pode ganhar e vem na medida para você aproveitar.
Você vai tornar este presente ainda mais especial gastando tudo o que este tempo pode oferecer de bom.
Aproveitar é com você, certo?

Aproveite fazendo tudo do melhor jeito. Assim se alcança o maior nível de felicidade. Se não estou enganado, é isso o que você quer, não é?

E será assim se você valorizar cada segundo, cada sensação, cada emoção, cada passo do caminho.
Aproveite que você está na intimidade dos primeiros pensamentos   e pense bem: o que deseja, onde quer chegar, como vai chegar, e o que fazer quando chegar. E depois também.

Quem você tem sido, o que tem feito, o que vai fazer, onde está. Quanto falta para atingir seu objetivo. Se você tem uma resposta fácil para estas questões, parabéns!

Se você não tem boas respostas e está cheio de dúvidas, que tal  fechar para balanço ? As vezes, é preciso olhar a sua volta  e começar a se organizar internamente . Já dizia o filósofo  Seneca “ Não existe vento favorável para quem não sabe o porto onde quer chegar”. Atualize seu projeto,reveja seus planos e mãos a obra.

Lembre-se que tudo o que faz ou deixa de fazer compõe sua história.
É você quem escreve.

O que valeu a pena hoje?


Sempre tem alguma coisa. Um telefonema. Um filme...

Paulo Mendes Campos, em uma de suas crônicas reunidas no livro "O Amor Acaba", diz que devemos nos empenhar em não deixar o dia partir inutilmente.

Eu tenho, há anos, isso como lema. É pieguice, mas antes de dormir, quando o dia que passou está dando o prefixo e saindo do ar, eu penso: o que valeu a pena hoje? Sempre tem alguma coisa. Uma proposta de trabalho. Um telefonema. Um filme. Um corte de cabelo que deu certo. Até uma briga pode ter sido útil, caso tenha iluminado o que andava escuro dentro da gente.

Já para algumas pessoas, ganhar o dia é ganhar mesmo: ganhar um aumento, ganhar na loteria, ganhar um pedido de casamento, ganhar uma licitação, ganhar uma partida. Mas para quem valoriza apenas as megavitórias, sobram centenas de outros dias em que, aparentemente, nada acontece, e geralmente são essas pessoas que vivem dizendo que a vida não é boa, e seguem cultivando sua angústia existencial com carinho e uísque, mesmo já tendo seu superapartamento, sua bela esposa, seu carro do ano e um salário aditivado.

Nas últimas semanas, meus dias foram salvos por detalhes. Uma segunda-feira valeu por um programa de rádio que fez um tributo aos Beatles e que me arrepiou, me transportou para uma época legal da vida, me fez querer dividir aquele momento com pessoas que são importantes pra mim. Na terça, meu dia não foi em vão porque uma pessoa que amo muito recebeu um diagnóstico positivo de uma doença que poderia ser mais séria. Na quarta, o dia foi ganho porque o aluno de uma escola me pediu para tirar uma foto com ele. Na quinta, uma amiga que eu não via há meses ligou me convidando para almoçar. Na sexta, o dia não partiu inutilmente, só por causa de um cachorro-quente. E assim correm os dias, presenteando a gente com uma música, um crepúsculo, um instante especial que acaba compensando 24 horas banais.

Claro que tem dias que não servem pra nada, dias em que ninguém nos surpreende, o trabalho não rende e as horas se arrastam melancólicas, sem falar naqueles dias em que tudo dá errado: batemos o carro, perdemos um cliente e o encontro da noite é desmarcado. Pois estou pra dizer que até a tristeza pode tornar um dia especial, só que não ficaremos sabendo disso na hora, e sim lá adiante, naquele lugar chamado futuro, onde tudo se justifica. É muita condescendência com o cotidiano, eu sei, mas não deixar o dia de hoje partir inutilmente é o único meio de a gente aguardar com entusiasmo o dia de amanhã...

(texto de Martha Medeiros)