quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Recomeçar


Um exemplo de Otimismo foi demonstrado por Thomas Edison, o gênio inventor e um inveterado Otimista, pela forma como reagiu a um aparente grande infortúnio.
Numa noite de 1914, seu laboratório, que valia mais de US$ 2 milhões na época e não estava no seguro, começou a se incendiar, com todos os preciosos registros de Edison em seu interior.
No auge do incêndio, enquanto os bombeiros tentavam apagar o fogo, charles, filho de Edison, freneticamente procurava o Pai, que tinha o hábito de trabalhar até tarde da noite.
Aliviado, ele encontrou Edison fora do laboratório, fitando serenamente a cena.
O Semblante de seu pai, refletia o brilho das chamas e seus cabelos grisalhos esvoaçando ao sabor da leve brisa.
Charles sentiu um aperto no coração, vendo o pai, com 67 anos, testemunhar o trabalho de toda uma vida, ser consumido pelas cinzas.
Edison disse a seu filho: “Existe um grande valor num desastre como este.
Todos os nossos erros são queimados.
Graças a Deus, podemos começar tudo de novo”.
E Edison, de fato, começou de novo.
Até o incêndio, ele tinha passado três anos, tentando inventar o toca discos.
Três semanas após o desastre, ele conseguiu.

O Desaparecido


Tarde fria, e então eu me sinto um daqueles velhos poetas de antigamente que sentiam frio na alma quando a tarde estava fria, e então eu sinto uma saudade muito grande, uma saudade de noivo, e penso em ti devagar, bem devagar, com um bem-querer tão certo e limpo, tão fundo e bom que parece que estou te embalando dentro de mim.
Ah, que vontade de escrever bobagens bem meigas, bobagens para todo mundo me achar ridículo e talvez alguém pensar que na verdade estou aproveitando uma crônica muito antiga num dia sem assunto, uma crônica de rapaz; e, entretanto, eu hoje não me sinto rapaz, apenas um menino, com o amor teimoso de um menino, o amor burro e comprido de um menino lírico. Olho-me no espelho e percebo que estou envelhecendo rápida e definitivamente; com esses cabelos brancos parece que não vou morrer, apenas minha imagem vai-se apagando, vou ficando menos nítido, estou parecendo um desses clichês sempre feitos com fotografias antigas que os jornais publicam de um desaparecido que a família procura em vão.
Sim, eu sou um desaparecido cuja esmaecida, inútil foto se publica num canto de uma página interior de jornal, eu sou o irreconhecível, irrecuperável desaparecido que não aparecerá mais nunca, mas só tu sabes que em alguma distante esquina de uma não lembrada cidade estará de pé um homem perplexo, pensando em ti, pensando teimosamente, docemente em ti, meu amor.

vConsertando o Mundo


Um cientista, muito preocupado com os problemas do mundo, passava dias em seu laboratório, tentando encontrar meios de melhorá-los.
Certo dia, seu filho de 7 anos invadiu o seu laboratório decidido a ajudá-lo.
O cientista, nervoso pela interrupção, tentou fazer o filho brincar em outro lugar.
Vendo que seria impossível removê-lo, procurou algo que pudesse distrair a criança.
De repente deparou-se com o mapa do mundo.
Estava ali o que procurava.
Recortou o mapa em vários pedaços e, junto com um rolo de fita adesiva, entregou ao filho dizendo: – Você gosta de quebra-cabeça?
Então vou lhe dar o mundo para consertar.
Aqui está ele todo quebrado.
Veja se consegue consertá-lo bem direitinho!
Mas faça tudo sozinho!
Pelos seus cálculos, a criança levaria dias para recompor o mapa.
Passados alguns minutos, ouviu o filho chamando-o calmamente.
A princípio, o pai não deu crédito às palavras do filho.
Seria impossível na sua idade conseguir recompor um mapa que jamais havia visto.
Relutante, o cientista levantou os olhos de suas anotações, certo de que veria um trabalho digno de uma criança.
Para sua surpresa, o mapa estava completo.
Todos os pedaços haviam sido colocados nos devidos lugares.
Como seria possível?
Como o menino havia sido capaz? – Você não sabia como era o mundo, meu filho, como conseguiu? – Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou o papel do jornal para recortar, eu vi que do outro lado havia a figura de um homem.
Quando você me deu o mundo para consertar, eu tentei, mas não consegui.
Foi aí que me lembrei do homem, virei os recortes e comecei a consertar o homem que eu sabia como era…
Quando consegui consertar o homem, virei a folha e vi que havia consertado o mundo!!!”.

Corações Calejados


Fala-se de mãos e pés calejados, mas pouco se fala de corações calejados.
Portanto… quanta gente há por aí vivendo como se não fosse possível ter sentimentos porque um dia foram magoadas.
As pessoas mais duronas, que parecem indiferentes ao amor, carinho e ternura, são pessoas endurecidas pela vida.
São vítimas de uma dor que não souberam gerir.
Uma empresa mal administrada vai à falência; um coração mal dirigido vai à ruína.
Somos nós os gerentes da nossa vida.
A nós cabe as decisões importantes que conduzirão nosso caminho.
Você já experimentou andar com um sapato apertado?
No início a gente agüenta, faz até cara bonita e se diz que depois vai amaciar.
Mas isso nem sempre acontece e depois de algum tempo percebemos que, mesmo se as pedras no caminho podem fazer mal, melhor mesmo é deixar esse sapato de lado, ainda que seja aquele que a gente tanto desejou e até se sacrificou para adquirir.
Há pessoas que calejam nosso coração.
Fazem parte da nossa vida e as amamos, mas nos fazem mal… tanto e tanto que acabamos fechando aos poucos as portas do nosso coração a outras possibilidades.
Nos trancamos dentro dele e vivemos na escuridão da nossa própria sombra.
Não permita que alguém magoe seu coração a ponto de te deixar insensível.
Não deixe de acreditar nas estrelas porque um dia as nuvens escuras encobriram seu céu.
Se seu coração está calejado, cuide dele com mais carinho ainda.
Que seja ele a transformar a atitude dos outros em relação a você e não o contrário!
Se alguém que você ama só quer brincar com seu coração, talvez essa pessoa não mereça o amor que você sente.
E por mais difícil que seja, guarde seu coração das asperezas, não deixe que as decepções o endureçam.
Olhe em outras direções, dê uma chance aos que te querem bem e ao seu coração de ser cuidado com o carinho que ele merece.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A necessidade e o acaso


A necessidade cria o amor ou ele existe? A questão é delicada e conduz  a uma resposta que confunde mais do que explica. Sim, a necessidade cria  o amor. Sim, o amor existe.

Na verdade, fomos condicionados pela sociedade e seus contos de fada a  acreditar que o amor é uma coisa que acontece quando menos se espera,  que domina nosso coração, que interrompe nossos neurônios e nos captura  para uma vida de palpitações, suspiros e lágrimas. Que o amor não tem  idade, não tem hora pra chegar, não tem escapatória. Que o amor é lindo,  poderoso e absoluto, que vence todos os preconceitos, que vence a nossa  resistência e ceticismo, que é transformador e vital. Esse amor existe e  ai de quem se atrever a questioná-lo.

Rendo-me, senhores. Esse amor existe mesmo, é invasivo e muitas vezes  perverso, mas também pode ser discreto, sereno e indolor. Costuma  acontecer ao menos uma vez na vida de todo ser humano, ou três vezes,  aos 17, 35 e 58 anos, ou pode acontecer todo final de semana, se for o  caso de um coração insaciável. Mas também pode acontecer nunquinha, e aí  a outra verdade impera.

Sim, a necessidade também cria o amor. A pessoa nasce idealizando um parceiro para dividir a janta e as agruras, a cama e as contas, os pensamentos e os filhos. Passam-se os anos e esse amor não sinaliza, não apresenta-se, e o relógio segue marcando as horas, lembrando que o tempo  voa. Esse ser solitário começa a amar menos a si mesmo, pelo pouco alvoroço que provoca a sua volta, e a baixa estima impede a passagem de quem quer se aproximar. É um círculo vicioso que não chega a ser raro. Qual é a solução: solidão ou imaginação?

O nosso amor a gente inventa, cantou Cazuza, no auge da sabedoria. A necessidade faz quem é feio parecer um deus, quem é tímido parecer um sábio, quem é louco parecer um gênio. A necessidade nos torna menos críticos, mais tolerantes, menos exigentes, mais criativos. A necessidade nos torna condescendentes, bem-humorados, otimistas. Se a sorte não acenou com um amor caído dos céus, ao menos temos afeto de sobra e bom poder de adaptação: elegemos como grande amor um amor de tamanho médio. O coração também sobrevive com paixões inventadas, e não raro essas paixões surpreendem o inventor.

“O amor pode ser casual ou intencional. Se nos faz feliz, é amor igual".

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Paginas de sentimentos

Meus amigos é terrível quando a gente se ve a beira do abismo de sentimentos que não voltam mais,
nos vimos perdidos querendo pular e trazer tudo de volta,
mas o que a vida nos força a aprender que precisamos seguir em frente,
por mais que um sentimento arda dentro de nós e para nos seja verdadeiro.
Para o outro pode não ser e ai quem se machuca é a gente, minha mãe disse que isso é
amadurecimento espiritual, mas a dor desse sentimento é forte e insuportável.
Então meus amigos digo que estou entrando em outra jornada agora de amadurecimento,
de deixar o amor fluir sem exigir nada dele, deixa-lo viver sem prender, seguir a vida em frente sem
olhar muito pra trás e recordar da saudade de ter perdido.
Pois amar ainda amo e muito, saudade sinto, falta também.
Mas essa vida não quis assim e nos separou e preciso aprender a aceitar isso, para aprender a viver
e deixar a vida me levar...
Peço a Deus entendimento e aceitação, para que um dia possamos nos encontrar e viver o que ainda
vive em nós...
Ainda amo e sempre vou amar....

sábado, 22 de dezembro de 2012

O verdadeiro Natal‏


A Finlândia é o país que melhor explora a figura do velho presenteador transportado no trenó puxado por renas. Assinala inclusive a sua terra natal: Rovaniemi, onde o Santa Park é, todo ele, tematizado por Papai Noel, lá denominado Santa Claus.
Sabemos todos que Papai Noel nasce, de fato, na fantasia das crianças.(...)
Até o século 3, o nascimento de Jesus era celebrado a 6 de janeiro. No século seguinte mudou, em muitos países, para 25 de dezembro, dia do solstício de inverno no Hemisfério Norte, segundo o calendário juliano. Evocavam-se as festas de épocas remotas em homenagem à ressurreição das divindades solares. Os cristãos apropriaram-se da data e rebatizaram a festa, para comemorar o nascimento daquele que é "a luz do mundo". Para não ficar de fora da festa, os não cristãos paganizaram o evento por meio da figura de Papai Noel, mais adequado aos interesses comerciais que marcam a data.
Vivemos hoje num mundo desencantado, porém ansioso de reencantamento. Carecemos de alegorias, mitos, lendas, paradigmas e crenças. O Natal é das raras ocasiões do ano em que nos damos o direito de trocar a razão pela fantasia, o trabalho pela festa, a avareza pela generosidade, centrados na comensalidade e no fervor religioso.
Pouco importa o lugar em que nasceu Papai Noel. Importa é que o Menino Jesus faça de novo o presépio em nosso coração, impregnando-o de alegria e amor. Caso contrário, corremos o risco de reduzir o Natal à efusiva mercantilização patrocinada por Papai Noel. Isso é particularmente danoso para a (de)formação religiosa das crianças filhas de famílias cristãs, educadas sem referências bíblicas e práticas espirituais.
Lojas não saciam a nossa sede do absoluto. Há que empreender uma viagem ao mais íntimo de si mesmo, para encontrar um outro que nos habita. Essa é, com certeza, uma aventura bem mais fascinante do que ir até a Lapônia. Contudo, as duas viagens custam caro. Uma, uns tantos dólares. Outra, a coragem de virar-se pelo avesso e despir-se de todo peso que nos impede de voar nas asas do espírito.
(por Frei Betto - Escritor, autor do romance “Um homem chamado Jesus”, entre outros livros)